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Plateia aplaudindo o time Isurus na Girl Game - Foto Camila Couto |
Os pro players, coaches e integrantes da equipe precisam estar com o emocional bem e preparado para conseguir se concentrarem na competição mesmo com toda a pressão para ganhar, principalmente nas partidas presenciais que possuem a presença do público que não deixam de gritar, torcer e xingar. A psicóloga dos times Prodigy e Falkol, Natália Zakalski, explica a importância do acompanhamento psicológico, “Como o jogo depende muito da nossa mente, depende muito além da mecânica, a gente precisa estar bem, preparado mentalmente, ter resiliência e conseguir ultrapassar as adversidades e críticas.”
Natália também mostra como é o acompanhamento dela com o time Falkol, “Eu realizo um acompanhamento semanal com as equipes. Porém, com cada modalidade eu fico um tempo determinado e eu estruturo meu trabalho através de atendimento em grupos, voltado para a demanda do próprio time e atendimentos individuais. Eu também acompanho a competição e os treinos, para a gente fazer um acompanhamento bem completo.” Toda a assistência psicológica auxilia no crescimento pessoal de cada pessoa e na evolução da equipe como um todo. Assim, o trabalho em equipe se torna melhor e fica mais estruturado alcançando novas vitórias.
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Equipe INTZ - Imagem do arquivo pessoal de Natália Zakalski |
As diferenças culturais de gênero podem ser percebidas e cuidadas ao longo dos atendimentos individuais e em grupos, como também explica a psicóloga Natália Zakalski. “Durante os atendimentos, eu percebo as diferenças culturais entre as jogadoras e os jogadores. As meninas são muito mais carinhosas, elas conseguem falar mais sobre os sentimentos delas, mas elas têm muito mais dificuldade de lidar com os xingamentos dentro do jogo. Os xingamentos atingem diretamente a gente, como pessoa (gênero) e não nossa gameplay.” Geralmente, os jogadores recebem críticas pelas suas jogadas e seu desempenho dentro do campeonato. No caso das jogadoras o xingamento sempre vem acompanhado de frases como “Não sabe jogar direito porque é mulher” “Se fosse um homem não erraria.”.
A psicóloga Airini Bruna Cucco apresenta um pensamento parecido com o do Natália quando o assunto são os atendimentos entre times femininos e masculinos. "Times femininos acabam sendo um pouco mais abertas para falar como estão se sentindo em relação as dificuldades e problemas entre si. Times masculinos são mais fechados nesse sentido, porque sentem dificuldade de expressar suas emoções por receio de serem julgados ou se sentirem expostos. Isso é compreensível pelo fato de vivermos em uma sociedade com ideias de que homens não podem demonstrar fraquezas ou falarem sobre seus sentimentos e emoções." Esse ponto de vista da profissional mostra como a sociedade atual reprime os sentimentos masculinos e como é importante o auxílio de um profissional qualificado para dar o suporte psicológico para esse jogador.
Outro ponto que Airini Bruna Cucco mostra é a utilização de Game House para o trabalho de equipes de esporte eletrônico e o prejuízo psicológico que pode gerar nos pro players. "No meu ponto de vista, as Game Houses são prejudiciais para o atleta porque não existe uma separação de casa e trabalho, já que os dois acabam sendo no mesmo ambiente. Isso pode fazer com que o atleta tenha um desgaste maior em relação as questões de convivência com os colegas de equipe, justamente pela falta de espaço e privacidade." Essas Game Houses são casas criadas por organizações de esporte eletrônico, onde o espaço é preparado para receber pro players e equipadas com máquinas próprias para gamers, como cadeiras ergonômicas, computadores de alta qualidade, entre outros equipamentos. Além de móveis e eletrodomésticos normais.
Nesse e em outros casos o apoio psicológico é indispensável, para auxiliar a divisão trabalho e família, as responsabilidades e frustrações de fazer parte de uma equipe, saber receber críticas, ter uma bom convívio em equipe, entre muitos outros fatores que podem afetar emocionalmente e psicologicamente uma pessoa. Com o objetivo de proteger e manter o bem-estar do pro player a psicóloga, Airini Bruna Cucco, reforça a importância do acompanhamento psicológico. "O principal é poder oferecer aos jogadores um espaço de acolhimento onde eles possam falar sobre suas dificuldades e problemas pessoais. Além disso, podemos ajudar no desenvolvimento de diversas habilidades necessárias para que ele possa ter um bom desempenho."
A co-fundadora da organização Furnace, que auxilia times de esporte eletrônico, Caroline "Capslock" Amélia, notou uma grande diferença nos jogadores e jogadoras após o início do acompanhamento psicológico semanal. "O rendimento deles melhorou de 0% à 100%, eles estão mais confiantes, mesmo quando há derrota o pensamento deles é diferente. O comportamento deles está diferente, antes eles ficavam reclusos e não queriam falar, hoje eles falam 'Bola pra frente, a gente vai consertar nossos erros e no próximo jogo a gente vai focar neles' ". Isso mostra como o apoio de um profissional preparado pode manter o atleta focado dentro e fora do jogo e construir uma saúde psicológica equilibrada.
Os pro players sentem muita diferença na jogabilidade após iniciar um acompanhamento psicológico com o time. A jogadora Isabel “Bebel” Melette, integrante do time Furnace, reforça que um psicólogo é muito importante para o desenvolvimento dos atletas. “O que mais pode atrapalhar um jogo é o psicológico. Na Furnace há psicólogos que auxiliam os jogadores e jogadoras no dia a dia dos treinos.” Assim, pode-se entender a importância do apoio psicológico para as equipes de esporte eletrônico, auxiliando o desempenho do grupo e individual de cada atleta.
Clique abaixo e confira agora o podcast sobre a psicologia no esporte eletrônico com a psicóloga Daniela Joly.
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